Como reduzir o risco de inadimplemento em contratos empresariais

A elaboração de contratos é um componente essencial das transações comerciais e integra a rotina de diversas empresas e negócios. No entanto, nas relações empresariais, sempre vai existir o risco de inadimplemento de uma das partes.

A inadimplência contratual pode resultar em diversas consequências financeiras e legais para as empresas envolvidas. Para mitigar estes riscos e proteger os interesses da organização, é fundamental adotar uma abordagem proativa de gestão de riscos. 

Neste artigo, exploraremos as estratégias que as empresas podem realizar para reduzir o risco de inadimplemento em contratos empresariais. Continue a leitura para saber mais! 

Entendendo o risco de inadimplemento

O inadimplemento é o termo utilizado para se referir à falta de cumprimento das obrigações estipuladas em contrato por parte de um dos envolvidos.

Este risco pode ocorrer devido a uma série de fatores e resulta em consequências negativas para ambos os lados, afetando desde a saúde financeira da empresa até a sua capacidade operacional.

A falta de pagamento por parte de clientes e parceiros de negócio, por exemplo, prejudica o fluxo de caixa da empresa, o que pode levar a atrasos ou à falta de pagamento de fornecedores, colaboradores e das próprias contas da empresa, além de reduzir a capacidade de investimentos em projetos de expansão, melhorias de processos, compra de novos equipamentos, entre outros. 

Esta situação acaba reduzindo a qualidade dos produtos e serviços oferecidos pela organização, em razão do aumento de custos, assim como prejudica a relação comercial com seus fornecedores e parceiros.

Risco de inadimplemento: como se proteger

Segundo dados do Indicador de Inadimplência das Empresas da Serasa Experian, em agosto de 2023, foram registradas mais de 6,59 milhões de empresas inadimplentes de todos os portes. Deste número, 5,82 milhões representam Micro e Pequenas Empresas (MPEs). 

Em comparação com o mesmo período de 2022, o levantamento demonstrou um aumento de 5% na quantidade de inadimplentes. 

Já o Mapa da Inadimplência e Negociação de Dívidas da Serasa apontou que o Brasil possui mais de 70 milhões de inadimplentes que, juntos, totalizam mais de R$ 320 bilhões não pagos.

Diante do risco de inadimplemento, a empresa pode ser obrigada a recorrer a ações judiciais para conseguir obter os valores devidos. No entanto, antes que isso ocorra, recomenda-se resolver o impasse de outras maneiras, para garantir o bom relacionamento futuro com o devedor.  

Para evitar os riscos de inadimplemento nos contratos empresariais, proteger a saúde financeira da empresa e manter o bom relacionamento com os parceiros, é importante adotar estratégias eficientes e inteligentes. 

Confira algumas dicas para evitar que a inadimplência afete o seu negócio: 

• Elabore um contrato com cláusulas claras e específicas ao negócio

O primeiro passo para evitar que medidas judiciais sejam necessárias é a elaboração de um contrato detalhado e com cláusulas específicas para cada caso, prevendo hipóteses de pagamento, faturamento, penalidades e de rescisão, para assegurar uma posterior cobrança ou rescisão.

• Garantias

É importante que o contrato traga a previsão de obtenção e estabelecimento de garantias pela outra parte sempre que possível, a fim de dar mais segurança às partes, em relação à expectativa de pagamento ou satisfação das obrigações contratuais. Entre elas, podemos citar garantias como fiança, alienação fiduciária, seguro garantia, garantia imobiliária, entre outras.

• Notificação

A partir do momento em que o contrato está assinado, com todas as previsões de cobrança e das obrigações, gatilhos como a notificação podem ser acionados, permitindo que qualquer uma das partes notifique o inadimplemento e/ou violação das cláusulas para tentar resolver o problema de forma amigável antes de rescindir o contrato.

• Elabore uma régua de cobrança

A régua de cobrança é uma maneira eficiente e organizada de acompanhar os pagamentos atrasados. 

As ações da régua de cobrança podem abranger desde ações mais amplas, como contato telefônico e envio de e-mails e cartas de cobrança, até estratégias mais efetivas, como renegociações de prazos e cobrança judicial. 

• Estruture os processos financeiros

Contar com processos financeiros bem estruturados e organizados é fundamental para reduzir os riscos de inadimplemento. 

Por isso, a empresa deve definir políticas claras e transparentes de crédito, estabelecer prazos de pagamento, realizar análise de crédito antes de estabelecer contratos, bem como adotar um criterioso acompanhamento das contas a receber e a pagar. 

Automatizar os processos de cobrança, adotando ações como o envio automatizado de lembretes de vencimento, a emissão de boletos e o acompanhamento do status das cobranças, é fundamental para garantir que os prazos de pagamento sejam honrados e cumpridos na data estipulada.

• Fidelize bons pagadores

Os bons pagadores devem ser reconhecidos e valorizados pela empresa. Esta estratégia ajuda a fidelizar estes clientes e estabelece uma relação de confiança e reciprocidade, o que facilita a manutenção da adimplência nas relações comerciais.

• Realize a gestão da carteira de clientes 

Investir em técnicas de gestão da carteira de clientes da empresa é crucial para reduzir os riscos de inadimplemento no dia a dia das operações. 

Esta estratégia envolve ações que vão desde o cadastro inteligente de clientes e a avaliação do comportamento do parceiro em sistemas como SPC e SERASA até a elaboração de cláusulas penais por atraso no pagamento e de políticas de cobrança com boas práticas.

• Rescisão ou Distrato

Mesmo após todas as comunicações e notificações, caso o inadimplemento persistir, as partes podem optar pela rescisão ou distrato contratual. Cada contrato deve prever uma série de hipóteses de rescisão para delimitar a atuação das partes e solucionar o problema da melhor forma possível. 

• Medidas judiciais

Caso não seja possível resolver o problema de forma extrajudicial, uma vez que o contrato prevê mecanismos judiciais de cobrança, é possível seguir com a propositura de uma ação judicial, contratando advogados especializados para a resolução do conflito, buscando indenização por perdas e danos e a execução das obrigações inadimplidas.

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