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STARTUP QUER TORNAR COMPRA DE CASA TÃO RÁPIDA QUANTO TROCAR DE CARRO
08 de
Junho,
2017
Assim que compra a sua casa, a Opendoor faz as reformas necessárias e depois a coloca à venda — o que acontece, em média, 90 dias

As startups gordas
Durante grande parte da década passada, investidores de tecnologia se apaixonaram por empresas de software que podiam crescer rapidamente com pouco dinheiro— como o Instagram, que levantou menos de US$ 60 milhões antes de ser comprado pelo Facebook por US$ 1 bilhão. Mesmo o Uber, que conseguiu bilhões de dólares para se expandir, atraiu investidores com a promessa de baixos custos operacionais, já que não possui carros nem emprega os motoristas. Mas, desde então, os mercados de capital modernos se abriram para oportunidades muito maiores para os empreendedores de tecnologia. Eles foram abençoados com acesso essencialmente ilimitado ao dinheiro, e ideias que um dia pareceram muito caras, muito arriscadas ou apenas muito malucas agora estão saindo do papel. Essas startups são gordas — com capital, ambição para mudar a indústria e, para seus críticos, muita arrogância. Veja como Elon Musk, executivo chefe da Tesla e da SpaceX, está construindo seus carros elétricos em uma fábrica automatizada gigante, com tetos solares, foguetes e, como hobby, uma empresa que faz túneis. Existem startups tentando criar transportes rápidos de Hyperloop e outras trabalhando em veículos voadores. A Opendoor segue esse modelo. Seus planos são precários: a empresa enfrenta competição crescente, custos de operação altos e — como estamos falando de um mercado que causou a crise financeira global – a possibilidade de uma implosão imprevista. Mas, se funcionar, a Opendoor pode ser transformadora; tornando a compra e a venda de casas tão fácil como trocar de carro, pode alterar a economia por todo o país e mudar a maneira como as pessoas encaram a casa própria. “O setor imobiliário é uma classe de ativos de US$ 25 trilhões – as pessoas gastam mais em moradia do que em alimentação, transporte, saúde e educação”, afirma Eric Wu, fundador e executivo-chefe da Opendoor. “Achamos que podemos fazer esse mercado funcionar muito melhor do que hoje.”
A ideia é ótima, mas os desafios são grandes
No entanto, a Opendoor enfrenta enormes obstáculos, incluindo a competição. Duas outras startups, a Offerpad e a Knock, estão oferecendo serviços parecidos. E recentemente o portal imobiliário Zillow começou um programa piloto que conta com muitos investidores, incluindo a Offerpad, para dar lances instantâneos por casas em Las Vegas e em Orlando, na Flórida. A Opendoor quer ficar na frente oferecendo um serviço mais amigável ao cliente e expandindo-se rapidamente. Wu afirma que, à medida que a empresa cresce, vai poder deixar o negócio mais eficiente, permitindo reduzir muito mais a comissão — e até mesmo se aproximar da paridade com o processo tradicional de venda. Mas os custos da Opendoor são altos, o que dificulta atingir essa meta. Em uma avaliação, DelPrete e outro analista imobiliário, Sib Mahapatra, estimam que, por causa dos altos custos de possuir e manter cada casa por cerca de três meses, a Opendoor consegue apenas oito mil dólares de lucro na venda de uma casa em Phoenix. Ela também depende muito da apreciação do imóvel; em média, vende cada casa por cerca de 5,5 por cento mais do que pagou. “Há obviamente um apelo substancial por esse produto”, afirma Mahapatra. “Mas minha questão é: ‘Será que outros concorrentes da mesma linha podem reproduzir essa consistência, mas de maneira mais barata?’” Além disso, existe um cenário de pesadelo: uma quebra no mercado imobiliário. Parte do motivo pelo qual a Opendoor está se expandindo para novos mercados é para evitar as vicissitudes do negócio. O maior risco da empresa é possuir todas aquelas casas; se algum tipo de desastre acontecer em Phoenix e a venda de imóveis despencar, a Opendoor se veria com centenas de imóveis que não conseguiria vender. Operando em vários mercados, segundo Wu, a empresa pode se proteger de quebras localizadas. E se houver uma correção no país todo? Wu explica que sua equipe fez simulações de quebras anteriores, incluindo a de 2008, e descobriu dois cenários. Primeiro, o negócio pode ir mais devagar por alguns anos e depois melhorar junto com o mercado. Ou seria capaz de até mesmo ganhar mais, porque os vendedores poderiam decidir pagar uma bonificação mais alta para conseguir uma determinada oferta. “Existe uma chance de podermos prosperar em tempos de volatilidade”, diz Wu. Parece loucura? Bem, estamos falando de um site que vai fazer uma oferta pela sua casa sem vê-la. Tudo sobre isso é maluquice. Mas esse é o negócio da tecnologia hoje, e, quem sabe, isso pode funcionar.
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